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Secretaria Municipal de Gestão homenageia servidoras negras

Publicado: 26 de julho de 2021

No dia 25 de julho é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, data criada em 1992 durante um encontro de mulheres negras em Santo Domingos, na República Dominicana. Elas definiram a data e criaram uma rede para pressionar a Organização das Nações Unidas (ONU) a assumir a luta contra as opressões de raça e gênero.

Passados tantos anos desde a criação da data, a população negra ainda luta para eliminar as desigualdades e discriminações, especialmente no caso das mulheres. O Brasil é triste exemplo dessa realidade, pois apesar de 56,2%1 de sua população ser negra – autodeclarada preta ou parda – a mulher negra é a principal vítima de feminicídio, das violências doméstica, obstétrica e da mortalidade materna, além de estar na base da pirâmide socioeconômica do país.

Mesmo sendo a maioria populacional, está sub-representada no Legislativo, Executivo, Judiciário, na mídia e em outras esferas. Apesar da baixa representatividade de mulheres negras na política e em cargos de poder e de decisão, cada ascensão deve ser comemorada como reconhecimento. Levantamento realizado pelo Insper com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), entre 2016 e 2018, mostra que homens brancos com ensino superior têm um salário médio 159% maior do que o das mulheres negras que também cursaram faculdade.

Nesse contexto, como forma de reconhecer as mulheres negras que edificam nossa sociedade, a Secretaria Municipal de Gestão (SEMGE), através do seu núcleo interno do Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI)2, homenageia as mulheres negras da gestão a partir de seis perfis destacados, representando as diversas vozes, lutas, resistências e afirmações de nossas servidoras municipais. Conheça agora algumas dessas mulheres que nos inspiram.

 

Chegar até aqui não foi fácil. Mesmo com diversas qualificações acadêmicas e larga experiência na área de análise e auditoria, sabemos que são inúmeros os desafios encontrados por uma mulher negra que almeja uma colocação de liderança no mercado de trabalho. Aqui na Prefeitura tenho privilégio de trabalhar com o que gosto, além de ser respeitada e valorizada na função que desempenho. No entanto, a busca pelo crescimento profissional não para, continuo focada em aprender cada dia mais, me especializando e estudando, a fim de alcançar posições, antes nunca esperadas, como negra e como mulher. Sigo lutando! (Daniele Neves de Jesus, Contadora, assessoria da Coordenação de Contratos)

 

Atualmente estou em um lugar de destaque na gestão, resultado de um trabalho desenvolvido dia após dia com muito comprometimento profissional, conciliando com as minhas atividades relacionadas à minha família e ao meu lar, mas tenho consciência que ainda há um longo caminho a ser percorrido para o reconhecimento do potencial de muitas outras mulheres negras, competentes e com capacidade de assumir desafios na gestão. Acredito que apesar das conquistas já alcançadas, precisamos sim de reconhecimento e antes disso, de oportunidades para mostrarmos esse potencial, precisamos de mais mulheres negras em postos de liderança. (Leanne Tavares dos Santos, Secretária Executiva e especialista em Gestão Pública, Coordenadora Central de Informações Funcionais)

 

Em minha trajetória na Administração Municipal, sempre busquei realizar meu trabalho oferecendo o melhor possível. A experiência como mulher, negra e líder me permitiu desenvolver novas competências e acreditar que eu posso liderar pessoas. Minhas referências, tanto no trabalho como na minha vida pessoal, foram fundamentais para que eu me visse como alguém que pudesse chegar aos espaços pouco ocupados por negros. Como mulher negra na gestão pública, entendo que é importante sermos vistas como profissionais em todos as posições, inclusive de liderança. As organizações precisam enxergar e valorizar o talento e a competência das pessoas negras, de forma que não nos categorize nas mesmas ocupações, tendo como fator decisivo, infelizmente, a cor da pele. Ser líder me possibilita representar outras mulheres e inspirar o público interno e externo, abrindo caminhos para outras que certamente virão, ainda que tenhamos um longo percurso pela frente. (Ludmilla Ramos, Psicóloga, Coordenadora Central de Gestão de Carreiras e Estágio)

 

No dia da mulher negra, é importante falarmos do crescimento quanto à nossa ocupação no mercado de trabalho, em cargos de média e alta gestão. Mesmo nos postos de trabalho majoritariamente negros, sabemos que ainda falta representatividade feminina. Nessa luta, a força da mulher e, sobretudo, a garra da mulher negra se sobrepõe a todos os desafios do dia a dia. Assim vamos avançando. A caminhada é árdua, mas nossa força é muito maior! (Maria Isabel Ribeiro, Administradora, especialista em Gestão Tributária, Gerente Central de Gestão de Contratos)

 

Ser mulher negra na nossa sociedade é um desafio diário. Na administração pública, não é diferente: quanto maior o cargo, menor a ocupação feminina nesse ambiente, sobretudo no que diz respeito à mulher negra. É um prazer imenso poder contribuir para o bem comum e ter a certeza de que eu não sou apenas um ponto fora da curva. Sou privilegiada em estar neste lugar que tantas outras mulheres negras não tiveram a oportunidade de chegar. Estou aqui para demostrar que é possível transpor essas diferenças e estereótipos e que o caminho pode ser longo, mas que buscamos equiparar e democratizar esses espaços. Tenho a esperança de vivermos em tempos em que estaremos inseridas em todas as esferas e seremos vistas de maneira isonômica, de acordo com a nossa capacidade intelectual, técnica e profissional, independente de gênero e raça. (Monique Aparecida, Tecnóloga em Gestão Pública, Chefe de Setor de Gestão da Estrutura Organizacional)

 

Quem não sabe de onde veio, não saberá nunca aonde vai.” Enquanto mulher negra na gestão, represento a soma dos esforços da minha ancestralidade, que lutou muito para a construção do meu presente. O desafio é honrar esse lugar de fala, com dedicação, empenho, compromisso e trabalho, para que outras mulheres negras possam também desempenhar papéis como líderes e protagonistas da sua própria história, quer seja na gestão pública, quer seja em qualquer outro ofício escolhido. A mulher negra pode ser o que ela quiser. A história nos mostra o quanto foi e ainda é dura a luta feminina para que mulheres negras ocupem lugares de destaque. Toda essa luta me remete à responsabilidade que tenho de ser sempre a minha melhor versão. Não é fácil, mas, acredito que o caminho será cada vez menos tortuoso. (Tainá Barros, Contadora, Assessora Especial de Informações e Apoio aos Conselhos)

 

A data no Brasil – A Lei n. 12.987, de 02 de junho de 2014, foi sancionada pela Presidência da República, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada. Em Salvador, a Lei n. 7440, de 17 de abril de 2008, instituiu a data de 25 de julho como o Dia Municipal da Mulher Negra.

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 1 De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019, a autodeclaração dos brasileiros apresenta que 46,8% da população é parda e 9,4% preta.

 2 Programa criado no âmbito do Município em 2005, capitaneado pela Secretaria Municipal da Reparação (SEMUR), mantém um Comitê Técnico composto por representações dos órgãos municipais e Núcleos Internos descentralizados, responsáveis pela implementação das ações em cada órgão. Na SEMGE esse núcleo é formado pelos servidores Alessandra Conceição, Celestino Fernandez, Daiana Lima, Daniela Jesus, Ivone Rodrigues, Manuela Souza e Walter Pinto.

 

Por Walter Pinto (SEMGE)

 
 
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